segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Quando a violência nos atinge




Pior notícia não há que receber o comunicado da perda de um ente querido. Dor imensurável é saber que por algo estúpido e desprezível se foi uma vida, alterando brutalmente os destinos de pessoas e famílias. Em nossa resignação, toleramos a violência de governos corruptos que espoliam seu povo oferecendo a ele serviços públicos de baixa qualidade, eficiência e eficácia. O reflexo disso repercute numa população marginal de cultura e respeito pobres, vazios, medíocres. A vida parece deixar de ter significado e valor, honra e moral soam como palavras soltas e distantes. O respeito não mais existe...
Constatar a dureza da realidade nos traz profunda tristeza. Equilibro essa certeza pensando em como seria bom se pudéssemos andar a pé com os amigos à noite, conversando assuntos felizes sem se preocupar com nada; andar de bicicleta pela rua e saber que se está seguro; chegar a casa em mais um dia de trabalho, parar o carro sem pressa para abrir o portão, entrar e constatar que tudo estará no lugar; ir ao bar da esquina, seja para apanhar uma bebida ou um maço de cigarros ou, simplesmente, ver amigos e retornar a salvo pra casa...
Como construir esse mundo se a professora que educa, ensina e orienta foi morta? Os pais choram a perda dos seus filhos. O tempo parece parar, a vida entra em descompasso e o inacreditável acontece... a realidade se confirma.

Inúmeras indagações me rebatem o pensamento: poderemos manter nossos filhos a salvo? Estamos condenados a viver o infortúnio da violência e do medo? Não consigo ver respostas. Não faz sentido perder as pessoas que amamos numa violência que parece não ter fim. Maldita guerra branca sem tréguas e limites. Que tipo de sociedade humana nos tornamos? 


Em memória de minha amiga Natalya Dayrell Carvalho, que perdeu a vida precocemente durante um assalto na primavera de 2013.   

Nenhum comentário: