Pior notícia
não há que receber o comunicado da perda de um ente querido. Dor imensurável é
saber que por algo estúpido e desprezível se foi uma vida, alterando
brutalmente os destinos de pessoas e famílias. Em nossa resignação, toleramos a
violência de governos corruptos que espoliam seu povo oferecendo a ele serviços
públicos de baixa qualidade, eficiência e eficácia. O reflexo disso repercute numa
população marginal de cultura e respeito pobres, vazios, medíocres. A vida
parece deixar de ter significado e valor, honra e moral soam como palavras
soltas e distantes. O respeito não mais existe...
Constatar a
dureza da realidade nos traz profunda tristeza. Equilibro essa certeza pensando
em como seria bom se pudéssemos andar a pé com os amigos à noite, conversando
assuntos felizes sem se preocupar com nada; andar de bicicleta pela rua e saber
que se está seguro; chegar a casa em mais um dia de trabalho, parar o carro sem
pressa para abrir o portão, entrar e constatar que tudo estará no lugar; ir ao
bar da esquina, seja para apanhar uma bebida ou um maço de cigarros ou, simplesmente,
ver amigos e retornar a salvo pra casa...
Como construir
esse mundo se a professora que educa, ensina e orienta foi morta? Os pais
choram a perda dos seus filhos. O tempo parece parar, a vida entra em
descompasso e o inacreditável acontece... a realidade se confirma.
Inúmeras indagações
me rebatem o pensamento: poderemos manter nossos filhos a salvo? Estamos
condenados a viver o infortúnio da violência e do medo? Não consigo ver
respostas. Não faz sentido perder as pessoas que amamos numa violência que
parece não ter fim. Maldita guerra branca sem tréguas e limites. Que tipo de
sociedade humana nos tornamos?
Em memória de minha amiga Natalya Dayrell Carvalho, que perdeu a vida precocemente durante um assalto na primavera de 2013.
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