Toda e qualquer mudança no espaço urbano das cidades gera consequências,
positivas ou não, aos seus moradores a curto, médio ou longo prazo. Nos últimos
vinte anos, com uma expressiva produção industrial, agropecuária de ponta e um
setor comercial e de serviços dinâmicos, Uberaba cresce consideravelmente. Observamos
a paisagem mudar com novos bairros e o horizonte encher de uma dezena de
edifícios. As ruas estreitas recebem fluxos crescentes de pessoas e veículos,
exigindo intervenções constantes.
Essas mudanças, na forma urbana, quando não devidamente planejadas e
dimensionadas geram graves problemas. Por exemplo, quando se optou em se
construir as galerias das Avenidas Leopoldino de Oliveira, Guilherme Ferreira,
Santos Dumont e Fidélis Reis, pensava-se em modernizar a cidade e melhorar o
fluxo de veículos e resolver o problema das enchentes; bem, além da perda do
romantismo dessas ruas com seus córregos, balaustradas e árvores, os resultados práticos disso dispensam
comentários.
Em recentes viagens às cidades do Rio de Janeiro e Porto Alegre, pude
conhecer um pouco de suas áreas históricas. Notei que muitas ruas nesses
lugares são calçadas com paralelepípedos. Em ambos os casos suportando grande
fluxo de veículos, mesmo assim, impecavelmente conservadas e viáveis. O que
leva a municipalidade local a asfaltar ruas já calçadas e ignorar outras que se
encontram em terra é um mistério. De qualquer forma, as justificativas
apresentadas para cobrir os paralelepípedos de Uberaba não são suficientes para
convencer a todos. Um resultado imediato é percebido, o calçamento de pedra, que
confere beleza à via, após seu encobrimento altera a percepção do local...
Há muito tenho lido sobre projetos para a área do Uberaba Tênis Clube -
UTC. De fato lá é uma verdadeira cereja do bolo. Com amplo espaço numa região
central da cidade, é cobiçada por muitos que visualizam mega projetos capazes
de congestionar ainda mais o que já é caótico. No seu entorno há muitas instituições
que demandam de mais vias e estacionamentos para o seu funcionamento. Sem
espaço para os fluxos intensos, encontramos uma região saturada, altamente
congestionada no horário comercial e vazia à noite e finais de semana. Esse
vazio gera insegurança, os congestionamentos o estresse.
Utilizo esse exemplo para mostrar que antes de qualquer intervenção, a municipalidade
deve considerar quais possibilidades são melhores para o cidadão. Se pensarmos em
sustentabilidade para tal área, por exemplo, demandaria se viabilizar um
projeto que melhorasse os fluxos, oferecendo áreas de estacionamento ao mesmo
tempo em que se preservasse a área verde e de lazer da comunidade. Lá há que
levar em conta o patrimônio histórico presente no entorno, que deve ser
integrado ao projeto. Uma possibilidade então seria se pensar em um parque central,
que ofereça espaços de lazer e esporte, com estacionamentos subterrâneos, pista
de caminhada e ciclovias, quadras, espaço para cultura, além de melhorias no
acesso ao transporte público urbano facilitando a vida de quem estuda, trabalha
e utiliza do hospital, da universidade, das escolas naquela área, trazendo
qualidade de vida e vitalidade ao usuário e morador do entorno.
A cidade ultrapragmática que vem sendo construída está destruindo toda a
beleza que um dia Uberaba teve, produzindo resultados controversos. Diversas
cidades no Brasil e no mundo estão investindo em melhoria da qualidade urbana
com projetos que ampliam a área verde, ofertam lazer, privilegiam a
acessibilidade e mobilidade urbana e aferem beleza à cidade. É inadmissível,
portanto, que Uberaba faça o contrário.
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