Era menino
quando estive em Brasília, no ano de 1992. Fiquei deslumbrado com tamanha
utopia. O Plano Piloto, a Explanada dos Ministérios, a Praça dos Três Poderes
são, a meu ver, expressão pura da genialidade de Lúcio Costa e Niemeyer. A capital
federal para mim personificava a “Ordem e Progresso” estampados na bandeira.
Num dos muitos passeios pelo Plano avistei um extenso canteiro de obras. Meu
primo, que fazia as vezes de guia, me disse se tratar da construção do metrô. Tempos
depois, em outra visita, vi que a única coisa que avançou por lá foram as favelas.
A obra do metrô, que seria inaugurado em 1994, estava atrasada e sem nenhuma
previsão de conclusão. Inauguração mesmo somente em 2001 - sete anos após a data
prevista de entrega e nove do início das obras.
Recentemente, um telejornal denunciou
a demora na entrega de inúmeras obras públicas importantes no país, entre elas
hidrelétricas, campos de energia eólica, refinarias e a complexa transposição
do São Francisco. Tudo atrasado e necessitando de mais recursos para
finalização. Por aqui, isso também não é novidade, basta lembrar a duplicação
da BR 050, que levou mais de uma década até chegar a Uberlândia. Em um dos
trechos, por exemplo, logo após a ponte do rio Uberaba, retiraram as rochas,
fizeram a terraplenagem e paralisaram os trabalhos. O mato cresceu, a chuva
trouxe erosão e tempos depois refizeram tudo novamente; paralisou e a mesma
sequência se seguiu. O trabalho refeito
várias vezes, provavelmente cobrado várias vezes... Por último, as obras de
mobilidade urbana, Projeto Água Viva e hospital regional, que pelo planejamento
eram para ser entregues em 2012, estão paradas. A população é mais uma vez
prejudicada pela ausência do serviço proposto e o consecutivo aumento no seu
custo final.
Admira-me
constatar que em países sérios as grandes obras de engenharia atendem a
cronogramas, prazos e custos. Alguns dos maiores empreendimentos do mundo como
o Aeroporto de Pequim, a ponte Qingdao Haiwan, ambos na China; o Eurotúnel que
liga Paris a Londres; o viaduto Millau na França foram construídos em prazos
razoáveis. Aqui é comum a conclusão das obras ultrapassar para além de uma
década e se tornar elefante branco.
Superfaturamento, emprego de material de qualidade
inferior, técnicas obsoletas, planejamentos mal elaborados, fraudes nas
licitações, obras paralisadas ou inacabadas. O mau uso do dinheiro público se
reverte quase sempre em obras de má qualidade e pouca durabilidade, que em
curto prazo demandam novos investimentos para reparos, isso quando não provoca
algum acidente, que resultará em indenizações a serem pagas mais uma vez pelo
contribuinte.
Hoje, Brasília é para mim sinônimo de vergonha,
desordem e retrocesso. Administro o desalento que sinto tentando cultivar a
velha e boa esperança do brasileiro de que uma hora as coisas melhorem.
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